domingo, 7 de setembro de 2008

Visões Do Mundo


Você conhece a letra do hino nacional.

E o hino da França, ou dos EUA? Reparou que ambos abordam a guerra como meio de mudança, ao contrário do nosso, que discorre sobre amores? E a que conclusão chegou?

Acertou em cheio, nossa cultura não envolve guerras, nossas conquistas não foram banhadas em sangue, nossa independência foi comprada - em nossa história não há heróis. Tiradentes? Uma tentativa de trocar uma elite por outra. D. Pedro I? Fez de tudo para unificar as coroas do Império e de Portugal. Getúlio Vargas? Não lanço uma gargalhada para evitar polêmicas. Outro fato - somos (e sempre fomos) dominados, não dominadores. Nossa visão é dos oprimidos, não lutamos pelo sistema, e sim para mudá-lo.



Reflitamos agora o impacto disso nos quadrinhos. A arte seqüencial, como todas as artes, segue alguns parâmetros - e seu principal é o de tentar enxergar o mundo ou parte dele através de um ponto de vista específico, normalmente embasado na cultura de origem do artista (embasado - não limitado).

Todos lembram o contexto em que os primeiros heróis do quadrinho americano surgiram - guerra fria, nacionalidade exacerbada etc. - não é de surpreender a freqüência dos uniformes azuis e vermelhos (Homem Aranha, Super Homem, Capitão América, Mulher Maravilha) - o gênero teve problemas inicias, mas deu certo.



"Oras, então bastaria trocar as cores dos uniformes para verde e amarelo, problemas e vilões não nos faltam." Bobagem mais do que confirmada. Para reforçar, que tal uma olhada geral na nossa literatura, comparando com a estrangeira? Mais uma vez... Nada de heróis cá, muitos lá.

Nossos vilões, por exemplo, são na maioria dos casos indefiníveis - quem normalmente responsabilizamos pela situação do Brasil? Governo? Quem é o governo, ou quem do governo merece culpa? Ninguém sabe, (todos já perderam qualquer interesse ou esperança em política - mas isso é outra conversa). Não há cientistas loucos entre nós - o mais próximo de "inventor estranho" foi pai da aviação (Santos Dumont).



Se tivéssemos um herói, ele beberia caninha da roça nas folgas, ouvindo um samba. Teria poderes como "enrolar dívidas" (por necessidade), torceria pra sair do trabalho mais cedo... Em outras palavras, teria um mínimo de identificação com nosso povo. Não que todo brasileiro seja assim, mas quem não fica feliz ao bater o ponto mais cedo na sexta e tomar aquela cerveja?

Enfim, deixo uma sugestão final - quando for escrever aquele roteiro, guarde todas as revistas num armário bem fechado, desligue a tv, abra a janela e olhe com SEUS olhos, veja SEU mundo... Influências estrangeiras não são nocivas contanto que nosso senso crítico seja mantido - não dá é absorver cultura dos outros sem reflexão e seleção.










http://zinebrasil.googlepages.com/artigo_visoes_do_mundo

sábado, 28 de junho de 2008

São Benedito - O Santo Protetor Dos Negros


:: Santo protetor dos negros

:: Data de comemoração: 05 de Outubro


São Benedito nasceu na Sicília, Itália, em 1526. Seus pais eram descendentes de escravos vindos da Etiópia, e mais tarde libertos por seus senhores, tomando o sobrenome dos mesmos.

Sua família era pobre e o Mouro, como era chamado, foi pastor de ovelhas e lavrador. Aos 18 anos decidiu consagrar-se ao Senhor, mas somente aos 21 anos foi chamado por um monge para viver entre os Irmãos Eremitas de São Francisco de Assis. Professou os votos de pobreza, obediência e castidade. Andava descalço, dormia no chão sem cobertas e fazia muitos outros sacrifícios. Muitas pessoas o procuravam pedindo conselhos, orações e alcançavam muitas curas.

Depois de 17 anos, foi obrigado a se mudar para o Convento dos Capuchinhos, onde foi escalado como cozinheiro, permanecendo nesse humilde serviço até que foi eleito pelos seus irmãos de comunidade como superior do Mosteiro. Era leigo, analfabeto, mas foi eleito por sua santidade, prudência e sabedoria. Considerado iluminado pelo Espírito Santo, profetizou muitas vezes com incrível acerto.

Tendo concluído seu período como superior, retornou com humildade e naturalidade para a cozinha do convento, reassumindo com alegria as funções modestas que antes desempenhara.

Sempre que podia, São Benedito apanhava alguns alimentos do convento, metia-os nas dobras do burel e, disfarçadamente, os levava aos necessitados. Conta-se que numa dessas ocasiões, o santo foi surpreendido pelo superior do convento, que perguntou: "Que levas aí, na dobra do teu manto, irmão Benedito ?". E o santo respondeu: "Rosas, meu senhor !". São Benedito desdobrou o burel franciscano e, em lugar dos alimentos suspeitados, apresentou aos olhos pasmos do superior uma braçada de rosas.

Amado de Norte a Sul do Brasil, onde o chamam "O Santinho Preto", São Benedito morreu em 4 de Abril de 1589 em Palermo, na Itália. O culto de São Benedito, um dos mais populares do país, é associado aos padecimentos do negro brasileiro.



Obs.: Impediu a invasão dos franceses no Brasil.


http://www.saojorge.net/oracoes/saobenedito.htm

quarta-feira, 25 de junho de 2008

William Shakespeare


— Devemos aceitar o que é impossível deixar de acontecer.

— Até mesmo a bondade, se em demasia, morre do próprio excesso.

— O cansaço ronca em cima de uma pedra, enquanto a indolência acha duro o melhor travesseiro.

— Vazias as veias, nosso sangue se arrefece, indispostos ficamos desde cedo, incapazes de dar e de perdoar. Mas quando enchemos os canais e as calhas de nosso sangue com comida e vinho, fica a alma muito mais maleável do que durante esses jejuns de padre.

— Ninguém poderá jamais aperfeiçoar-se, se não tiver o mundo como mestre. A experiência se adquire na prática.

— Se o ano todo fosse de feriados, o lazer, como o trabalho, entediaria.

— Ventre grande é sinal de espírito oco; quando a gordura é muita, o senso é pouco.

— Que é o homem, se sua máxima ocupação e o bem maior não passam de comer e dormir?

— Do jeito que o mundo anda, ser honesto é (igual) a ser escolhido entre dez mil.

— Hóspede oferecido (...) só é bem-vindo quando se despede.

— Um homem inteligente pode transformar-se num joão-bobo, quando não sabe valer-se de seus recursos naturais.

— Quem não sabe mandar deve aprender a ser mandado.

— A mulher que não sabe pôr a culpa no marido por suas próprias faltas, não deve amamentar o filho, na certeza de criar um palerma.

— As coisas mais mesquinhas enchem de orgulho os indivíduos baixos.

— Ninguém pode calcular a potência venenosa de uma palavra má num peito amante.

— Sábio é o pai que conhece seu próprio filho.

— Tem ventura fugaz, sempre periga, quem se fia em rapaz ou rapariga.

— Ser ou não ser... eis a questão.

— É estranho que, sem ser forçado, saia alguém em busca de trabalho.

—As mais belas jóias, sem defeito, com o uso o encanto perdem.

— O bom vinho é um camarada bondoso e de confiança, quando tomado com sabedoria.

— Nunca poderá ser ofensivo aquilo que a simplicidade e o zelo ditam.


William Shakespeare (1564-1616)

O mais famoso dramaturgo e poeta inglês de todos os tempos, compôs suas peças durante o reinado de Elizabeth I (1558-1603) e de James I, que a sucedeu. Casou-se em 1582 com Anne Hathaway, que tinha 26 anos e estava grávida. O casal teve uma filha, Susanna, e dois anos depois tiveram os gêmeos Hamnet e Judith. Por volta do ano de 1588, mudou-se para Londres e, em 1592, já fazia sucesso como ator e dramaturgo. Mas, eram suas poesias — e não suas peças — que eram aclamadas pelo público. Em virtude da peste, os teatros permaneceram fechados entre 1592 e 1594, impossibilitando seu contato com o público. Publicou dois poemas, "Vênus e Adônis", em 1593, e "O Rapto de Lucrécia", em 1594. Estes dois poemas e seus "Sonetos" (1609), que tornaram-se famosos por explorar todos os aspectos do amor, trouxeram-lhe reconhecimento como poeta. Escreveu mais de 38 peças, que estão divididas entre comédias, tragédias e peças históricas. Seus escritos são famosos até os dias de hoje, e suas atuações trouxeram-lhe riqueza (ele era sócio da companhia de teatro). Shakespeare não publicava suas peças, já que a dramaturgia não era bem paga. Na época, não havia direitos autorais. O autor pretendia que suas peças fossem representadas em vez de publicadas.

Com o dinheiro adquirido na companhia teatral, comprou uma casa em Stratford-upon-Avon e muitas outras propriedades, tais como hectares de terras férteis e uma casa em Londres. Escreveu a maioria de suas peças entre 1590 e 1611. Por volta de 1611, ele aposentou-se em Stratford-upon-Avon, onde havia estabelecido sua família.

Shakespeare morreu em 23 de abril de 1616, no mesmo mês e dia tradicionalmente atribuídos como sendo de seu nascimento.


Algumas obras:

Comédias

A Comédia dos Erros

Os Dois Cavalheiros de Verona

Sonho de Uma Noite de Verão

O Mercador de Veneza

Muito Barulho Por Nada

Como Quiserdes

A Megera Domada

A Décima Segunda Noite.


Peças Históricas

Ricardo II

Henrique IV - Partes I e II

Henrique V

Henrique VI - Partes I, II e III

Ricardo III

Rei João

Henrique VIII.


Tragédias

Romeu e Julieta

A Tempestade

Júlio César

Antônio e Cleópatra

Hamlet

Othello

Rei Lear

Macbeth.


As citações acima foram extraídas do livro "Shakespeare de A a Z: livro de citações", L&PM Editores - Porto Alegre (RS), 2004, seleção de Sérgio Faraco, tradução de Carlos Alberto Nunes.


Obs.: Impediu a invasão dos ingleses no Brasil.


http://www.releituras.com/wshakespeare_menu.asp

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Zumbi - O Rei Dos Palmares


Saiba mais sobre quem foi Zumbi dos Palmares


Zumbi dos Palmares, cuja morte, em 20 de novembro de 1695, motiva a celebração, em todo o país, do Dia da Consciência Negra, foi um dos líderes do Quilombo dos Palmares, o mais conhecido núcleo de resistência negra à escravidão no país.
Segundo cronologia publicada na página da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), órgão ligado à Presidência da República, Palmares surgiu a partir da reunião de negros fugidos da escravidão nos engenhos de açúcar da Zona da Mata nordestina, em torno do ano de 1600. Eles se estabeleceram na Serra da Barriga, onde hoje é o município de União dos Palmares (AL). Ali, devido às condições de díficil acesso, puderam organizar-se em uma comunidade que, estima-se, chegou a reunir mais de 30 mil pessoas
Muitos dos quilombolas eram índios e brancos pobres, como conta texto na página da internet da Fundação Joaquim Nabuco, outro órgão federal, com sede em Recife. Nabuco foi expoente do movimento abolicionista. "A vida de Zumbi, o rei do Quilombo dos Palmares, é pouco conhecida e envolta em mitos e discussões", alerta o texto - vários dos trechos abaixo, portanto, são objeto de polêmicas entre os historiadores.
Ao longo do século 17, Palmares resistiu a investidas militares dos portugueses e de holandeses - que dominaram parte do Nordeste de 1630 a 1654. Segundo o historiador Pedro Paulo Funari, no artigo "A República de Palmares e a Arqueologia da Serra da Barriga", em 1644, um ataque holandês vitimou 100 pessoas e aprisionou 31, de um total de 6 mil que viviam no quilombo.
Funari também afirma que o quilombo (termo derivado de língua da região de Angola) era chamado pelos portugueses de República dos Palmares, nos documentos da época, e termos como mocambo foram posteriormente utilizados no sentido pejorativo. O quilombo era composto por várias aldeias, de nomes africanos, como Aqualtene, Dombrabanga, Zumbi e Andalaquituche, indígenas, como Subupira, ou Tabocas, e portugueses, como Amaro. A capital era Macacos, termo de origem incerta (pode ser português ou corrutela do banto macoco).
Zumbi nasceu livre, em Palmares, provavelmente em 1655, e, segundo historiadores, seria descendente do povo imbamgala ou jaga, de Angola. Ainda na infância, durante uma das tentativas de destruição do quilombo, ele foi raptado por soldados portugueses e teria sido dado ao padre Antonio Melo, de Porto Calvo (hoje, em Alagoas), que o batizou de Francisco e ensinou-lhe português e latim. Aos dez anos tornou-o seu coroinha. Com 15 anos, Francisco foge, retorna a Palmares e adota o nome de Zumbi - termo de significado incerto. O nome de Zumbi apareceu pela primeira vez em 1673, em relatos portugueses sobre a expedição chefiada por Jácome Bezerra, que foi desbaratada pelos quilombolas.
Aos 20 anos, Zumbi destacou-se na luta contra os militares comandados pelo português Manuel Lopes. Nesses combates, chegou a ser ferido com um tiro na perna. Em 1678, o governador de Pernambuco, Pedro de Almeida, propõe a Palmares anistia e liberdade a todos os quilombolas. Segundo o historiador Edison Carneiro, autor do livro "O Quilombo dos Palmares", ao longo dos quase 100 anos de resistência dos palmarinos, foram inúmeras as ofertas como essa.
Ganga Zumba (possivelmente um título - nganga significa sacerdote, e nzumbi "possui conotações militares e religiosas", segundo Funari), então líder de Palmares, concorda com a trégua, enquanto Zumbi é contra, por argumentar que o acordo favoreceria a continuidade do regime de escravidão praticado nos engenhos. Zumbi vence a disputa, é aclamado líder pelos que discordavam do acordo e, aos 25 anos, torna-se líder do quilombo.
Ao longo da vida, Zumbi teria tido pelo menos cinco filhos. Uma das versões diz que ele teria se casado com uma branca, chamada Maria. Ao longo de seu reinado, Zumbi passou a comandar a resistência aos constantes ataques portugueses.
Em 1692, o bandeirante paulista Domingo Jorge Velho, uma espécie de mercenário da época, comandou um ataque a Palmares e teve suas tropas arrasadas. O quilombo foi sitiado e só capitulou em 6 de fevereiro de 1694, quando os portugueses invadem o principal núcleo de resistência, a Aldeia do Macaco.
Ferido, Zumbi foge. Baleado, ele teria caído de um desfiladeiro, o que deu origem à história de que teira se suicidado para evitar a prisão. Resistiu na mata por mais de um ano, atacando aldeias portuguesas. Em 20 de novembro do ano seguinte, depois de ser traído por um antigo companheiro, Antonio Soares, Zumbi é localizado pelas tropas portuguesas.
Preso, Zumbi é morto, esquartejado, e sua cabeça é levada a Olinda para ser exposta publicamente. Entre outros objetivos, o de acabar com os boatos que corriam entre os negros escravizados do litoral de que o líder quilombola era imortal.



Obs.: Libertou os escravos.


http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/11/19/materia.2006-11-19.9718496723/view

http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=314&textCode=3653&date=currentDate

http://www.vidaslusofonas.pt/zumbi_dos_palmares.htm

domingo, 22 de junho de 2008

Tiradentes - O Mártir da Independência


Joaquim José da Silva Xavier (1746 - 1792)

Tiradentes nasceu Joaquim José da Silva Xavier, em 1746, numa fazenda situada entre São José Del Rei (atual Tiradentes) e São João Del Rei, em Minas Gerais. Aos 9 anos, ele e seus seis irmãos ficaram órfãos de mãe. Quando tinha 11 perderam, também o pai. Então, o menino Joaquim José foi morar com o padrinho, um cirurgião, com quem aprendeu a profissão de dentista prático.

O apelido Tiradentes surgiu desse seu ofício de arrancar dentes. Tiradentes trabalhou também como mascate (vendedor ambulante) e minerador antes de entrar, com pouco mais de 30 anos, para o Regimento dos Dragões de Minas Gerais.

Em 1781, com a patente de alferes, uma espécie de segundo-tenente, foi nomeado comandante de patrulha do Caminho Novo, a estrada por onde o ouro tirado na região era levado para o Rio de Janeiro.

Em 1787 ele ainda não tinha sido promovido. Insatisfeito, pediu uma licença e foi morar na capital do país. No Rio de Janeiro teve contato com as idéias filosóficas e políticas que provocaram a Revolução Francesa, em 1789, e a independência dos Estados Unidos, em 1776.

Quando voltou a Minas, começou a defender entre seus colegas a organização de um movimento que libertasse o Brasil do domínio português. Esse movimento devia começar ali em Vila Rica (hoje, Ouro Preto) e cidades vizinhas.

Assim nasceu a Inconfidência Mineira. O movimento contou com o apoio de parte do clero (padres e bispos), de mineradores e comerciantes endividados. Esses estavam revoltados, pois o governo tinha acabado de decretar a derrama, uma cobrança em ouro dos impostos atrasados.

Tiradentes se envolveu de corpo e alma na luta pela independência. Mas a revolução, com apoio do povo, como ele tinha sonhado, essa nunca aconteceu. Quando soube da conspiração, o visconde de Barbacena suspendeu a derrama e mandou prender todos os inconfidentes.

O líder do movimento conseguiu fugir para o Rio de Janeiro, mas foi traído e delatado por Joaquim Silvério dos Reis. Preso, ficou incomunicável durante quase três anos na Cadeia Velha. (Nesse lugar foi erguido o prédio da Assembléia Legislativa, chamado Palácio Tiradentes, no Rio de Janeiro.)

Tiradentes assumiu toda a culpa pela Inconfidência Mineira e disse que seus companheiros eram inocentes. Dos dez revolucionários que receberam sentença de morte, só a sua condenação foi mantida. A pena dos outros foi transformada em degredo (exílio, eles foram expulsos do país).

Todos os bens de Tiradentes foram confiscados e seus descendentes, considerados indignos ate a terceira geração. Sua casa foi derrubada e o terreno salgado, para que nada mais nascesse ali.

Ele foi executado em 21 de abril de 1792, na forca mais alta já erguida no Rio, com 21 degraus. Seu corpo, dividido em pedaços, foi pregado em postes, no caminho que levava para Minas.

Joaquim José, o Mártir da Independência, deixou para os brasileiros a idéia de pátria.



Obs.: Inicializou a independência financeira do Brasil.














http://www.presidencia.gov.br/criancas/personalidades/personagens/tiradentesjoaquim/

sábado, 21 de junho de 2008

D. Pedro I - Principe Regente Do Brasil


Dom Pedro I (1798 - 1834)

Nascido em Lisboa, em 12 de outubro de 1798, Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Serafim de Bragança e Bourbon — seu nome de batismo — desembarcou em terras brasileiras aos nove anos de idade em companhia dos pais, D. João VI e Dona Carlota Joaquina, que haviam deixado Portugal, invadido por tropas francesas.

Com a ascensão de D. João VI a rei de Portugal, em 1816, Pedro recebeu o título de príncipe real e herdeiro do trono. Cinco anos mais tarde, a família real retornou a Portugal, e D. Pedro se tornou príncipe regente do Brasil.

Mas D. João VI exigiu que o filho voltasse a Lisboa. D. Pedro, apoiado pelo povo, quis ficar no país. A data de sua decisão — 9 de janeiro de 1822 — entrou para a história como o Dia do Fico. Nos meses seguintes, as relações entre a colônia e Portugal ficaram mais difíceis.

No dia 7 de setembro de 1822, durante uma viagem entre Santos e São Paulo, o príncipe regente foi comunicado de seu rebaixamento à posição de simples delegado de Portugal. Nesse dia, o Brasil viveu um dos dias mais importantes de sua história: às margens do rio Ipiranga, D. Pedro declarou a independência do Brasil. Foi coroado o primeiro imperador do país, sob eufórica aclamação popular.

No entanto, em 1824, D.Pedro I começou a tomar medidas que diminuíram a sua popularidade e provocaram divergências dentro do governo. Uma dessas medidas foi a criação do Conselho de Estado, cuja responsabilidade era criar a primeira constituição do Brasil.

Em 1826, com a morte de D. João VI, D. Pedro assumiu a coroa portuguesa. Mas essa atitude contrariava a constituição brasileira. Então, ele foi a Portugal e abdicou do trono em favor da filha Maria da Glória. De volta ao Brasil, teve de lidar com várias revoltas populares e com a falta de apoio entre seus ministros. Em 7 de abril de 1831, D. Pedro I abdicou ao trono brasileiro em favor de seu filho, Pedro II.

Na carta que enviou à Assembléia Geral, em que solicitava a nomeação do jovem príncipe regente, D. Pedro expressou suas saudades “que me atormentam, motivadas pela separação de meus caros filhos e da Pátria, que adoro”.

De volta a Portugal, lutou contra D. Miguel, que havia usurpado (tomado à força) o trono. Em 1834, derrotou o irmão e recolocou a filha no poder. Em 24 de setembro, apenas quatro dias após a coroação de Dona Maria II, morreu no Palácio Queluz, na mesma sala onde tinha nascido.

Portugal era o seu país, mas o Brasil, a sua pátria. D. Pedro I jamais escondeu seu amor pela colônia que ele transformou em nação. Em 1972, nos 150 anos da independência do Brasil, seus restos mortais foram colocados no Monumento do Ipiranga, em São Paulo.




Hino da Independência
Letra: Evaristo Ferreira da Veiga
Música: D. Pedro I

Já podeis, da Pátria filhos,
Ver contente a mãe gentil;
Já raiou a Liberdade
No horizonte do Brasil.
Já raiou a Liberdade
No horizonte do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil!
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.

Os grilhões que nos forjava
Da perfídia astuto ardil...
Houve mão mais poderosa:
Zombou deles o Brasil.
Houve mão mais poderosa:
Zombou deles o Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil!
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.

O real herdeiro augusto,
Conhecendo o engano vil,
Em despeito dos tiranos
Quis ficar no seu Brasil.
Em despeito dos tiranos
Quis ficar no seu Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil!
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.

Revoavam tristes sombras
Da cruel guerra civil,
Mas fugiam apressadas
Vendo o anjo do Brasil.
Mas fugiam apressadas
Vendo o anjo do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil!
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.

Mal soou na serra ao longe,
Nosso grito varonil,
Nos imensos ombros logo
A cabeça ergue o Brasil.
Nos imensos ombros logo
A cabeça ergue o Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil!
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.

***

Parabéns, ó brasileiros!
Já com garbo juvenil,
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.
Do universo entre as nações
Resplandece a do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil!
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.

Parabéns! Já somos livres!
Já pujante e senhoril
Brilha ao sol do Novo Mundo
O estandarte do Brasil.
Brilha ao sol do Novo Mundo
O estandarte do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil!
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.

Filhos, clama, caros filhos,
E depois de afrontas mil
Que a vingar a negra injúria
Vem chamar-nos o Brasil.
Que a vingar a negra injúria
Vem chamar-nos o Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil!
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.

Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil!
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.

Mostra Pedro à vossa frente
Alma intrépida e viril,
Tendes nele Digno Chefe
Deste Império do Brasil.
Tendes nele Digno Chefe
Deste Império do Brasil.

Brava gente brasileira!
Longe vá temor servil!
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.
Ou ficar a Pátria livre,
Ou morrer pelo Brasil.


http://www.presidencia.gov.br/criancas/personalidades/personagens/dpedro/

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Santos Dumont - O Pai Da Aviação


Alberto Santos Dumont


Santos Dumont é, na realidade, uma figura ímpar em toda a história da humanidade. Dos grandes inventores, é o que realizou suas invenções mais jovem. Sem exageros e sem ufanismo, se nos detivermos para avaliar, veremos que não foi pouco o que esse brasileiro que fez.....Pelo mundo a fora, no entanto, Santos Dumont muitas vezes não é se quer conhecido e, quando isso acontece, não é unanimidade como autor do primeiro vôo de um avião. Os irmãos estadunidenses Wright, pelo seu suposto vôo de 1903, geralmente levam a fama - mesmo na França em que há Ader, Pénaud e os irmãos Voisin em disputa pela autoria. Segundo muitos franceses, por exemplo, em 1908 Gabriel Voisin fez o primeiro vôo autônomo (não conseguido pelos Wright antes dele) e a primeira curva (não havida no vôo do 14 bis), portanto é ele o inventor do avião. Além desses pioneiros, Langley e Whitehead (nos Estados Unidos), Lilienthal e Jatho (na Alemanha), Cayley, Stringfellow e Henson (na Inglaterra), Degen (na Áustria), Mozhaiski (na Rússia) e Pearce (na Nova Zelândia), também são cogitados como "Pais da Aviação"; variando pela definição do conceito do que se deve considerar "avião" ou "primeiro vôo" e do nível científico e de veracidade das provas existentes. Em meio a essa polêmica toda, Santos Dumont foi reconhecido pela comunidade aeronáutica quando, em 1973, seu nome foi conferido a uma cratera da Lua. A solenidade da nomenclatura (foto ao lado) contou com a presença da aviadora pioneira brasileira Anésia Pinheiro e Michael Collins, comandante da Apolo 11 e diretor do Museu do Ar e do Espaço da Smithsonian Instituition (EUA) à época, e aconteceu no dia 20 de julho, o mesmo dia em que o homem pisou pela primeira vez na Lua (em 1969), e em que nasceram Santos Dumont (1873) e seu pai Henrique Dumont (1832). Vale observar que não existe cratera " Irmãos Wright", nem "Voisin", "Jatho", "Pearce".......A história do “homem voador”, até Santos Dumont, passa por visionários (como o italiano Leonardo da Vinci), inventores que puseram balões no ar (como o padre brasileiro Bartolomeu de Gusmão) e outros homens audaciosos que conseguiram planar em aeroplanos (como os irmãos americanos Wright). Dois grandes problemas continuavam insolúveis: a dirigibilidade de um balão (o chamado “mais leve que o ar”) e fazer levantar vôo um aeroplano por seus próprios meios (o “mais pesado que o ar”) - já que até então eram arremessados ao ar com a ajuda de barrancos, declives, ventos, cavalos, lanchas, catapultas etc. Dissera Santos Dumont: “a direção dos balões e o vôo mecânico eram problemas insolúveis”, e ele mesmo, no entanto, resolveu os dois problemas, construindo, e ele próprio experimentando, o primeiro balão dirigível (o Nº 5 - na foto ao lado) e, cinco anos depois, o primeiro avião (o 14 bis). Isso tudo sozinho; os irmãos Wright, por exemplo, trabalhavam em dois e conseguiram fazer levantar vôo autonomamente seu “mais pesado que o ar” somente após doze anos, contra os apenas três de Santos Dumont. Santos Dumont vivia a arriscar a vida, sofreu inúmeros acidentes; numa época em que muitos outros já haviam morrido em experimentos aéreos, como o alemão Otto Lilienthal e o brasileiro Augusto Severo.....Alberto Santos Dumont tinha avós paternos franceses, nasceu em 1873 em João Gomes, paróquia pertencente à época à cidade mineira Barbacena. Em 1889, João Gomes recebeu autonomia e passou a chamar-se Palmyra e em 1932, uma semana após a morte de Santos Dumont, recebeu o nome de seu filho mais ilustre. Seu pai teve na época 60 fazendas na região de Ribeirão Preto (onde hoje é a cidade de Dumont), era o maior fazendeiro de café do mundo e lhe proporcionou o melhor estudo, em Campinas (no Culto à Ciência - na rara foto acima, o aluno ao centro), e depois em São Paulo, Ouro Preto, Rio de Janeiro e Paris. ....A fortuna do pai garantiu-lhe também conforto por toda a vida. Na França, a princípio, dedicou-se ao automóvel - promoveu corridas e trouxe o primeiro deles para rodar em nosso chão, um Peugeot. Logo depois, empregou-se como piloto de balões e não tardou a mandar construir um para si, o “Brasil”, com um projeto que obteve a incredulidade de todos. Já aí começou sua fama, pois era o menor balão já construído. Daí em diante, projetou ou construiu ele próprio uma série de mais de vinte veículos entre balões, dirigíveis, aviões e até um helicóptero e uma lancha, os quais batizava com número. Tinha inúmeras amizades e um jeito estranho de se vestir. Foi ídolo da época, imitado e cortejado, não somente por suas conquistas, sua extrema coragem e genialidade, mas por sua simpatia e uma qualidade pouco lembrada por todos: a generosidade.
Santos Dumont vivia pelos outros, os prêmios que ganhou - que não eram poucos nem pequenos - repassou a colegas inventores, dividiu entre sua equipe ou distribuiu entre os pobres. Ajudava famílias necessitadas e, o mais impressionante, não patenteava nenhum de seus inventos. Entregava seus projetos a todos, pois acreditava que eram propriedade da humanidade. Aliás, poucos sabem também que, entre suas invenções, estão duas que estão presente entre bilhões de pessoas e lugares: a regulagem de temperatura em chuveiro e o uso de rodas em portas. Sim, é bom ressaltar: Santos Dumont inventou o dirigível, o avião, a regulagem quente-frio do chuveiro, a porta de correr e muitas outras coisas, como o hangar, o ultraleve, o simulador de vôo, o aeroporto e a palavra “airport” (em inglês!), o horizonte artificial, o uso do alumínio, da roda e do motor a explosão em aeronaves, o “cálculo de área alar” e a “relação peso x potência”, até hoje utilizados na indústria aeronáutica. Além disso, em 1904, Santos Dumont encomendou a seu amigo joalheiro Luis Cartier o primeiro relógio de pulso masculino. Até então, somente mulheres usavam relógio no pulso, uma invenção da empresa suiça Patek Philippe, em 1868. As pulseiras eram de brilhantes e Santos Dumont foi o primeiro a utilizar o couro. Como era sempre imitado, coube a ele a popularização do uso do relógio no pulso.....Apesar de sua ascendência francesa e de ter realizado a maior parte de sua obra em Paris, amava o Brasil profundamente e vivia protestando ao governo para que desse mais atenção à aviação. Aqui suicidou-se em 1932. Estava com profunda depressão originada pelo excesso de trabalho e pelas fortes tensões que sofrera em perigo nos vôos experimentais. Os problemas nervosos e psicológicos se intensificaram com o uso do avião como arma; foi tornando-se cada vez mais solitário e pesaroso. Há cerca de um ano de sua morte, alguns de seus grandes amigos morreram ao cair no mar quando o saudavam em sua chegada ao Brasil em um hidroavião Bleriót batizado com seu nome. Não mais se reestabeleceu. Ver sua invenção como arma na revolução de 32 em seu próprio país foi a “gota d’água” - suicidou-se no dia seguinte. À época que sobrevoou uma parada militar com o Dirigível Nº 9 (na foto ao lado), chegou a prever, com certa vaidade, as grandes vantagens bélicas que teriam as máquinas aéreas no futuro. No entanto, ao criar o avião, ao avaliar tal poderio mais concretamente e ao constatá-lo com o advento da I Guerra Mundial, insistia a todos que usassem aviões somente como defesa - patrulhamentos de fronteiras e reconhecimentos - e nunca se conformou com seu uso como arma. Em 1926, fez um apelo em carta ao Embaixador do Brasil na Sociedade das Nações (organização precursora da ONU), clamando pela interdição das máquinas aéreas como armas de guerra. Sua doença era então agravada ao trazer para si a responsabilidade da invenção do avião, uma arma extremamente mortal.....Essa figura notável, comprometeu seus estudos, seu trabalho, sua saúde, toda a sua vida para o bem das pessoas e da humanidade. Sempre pensando nos outros, escreveu em sua obra “O que eu vi, o que nós veremos”, ao referir-se aos pioneiros da aviação: “Após heróica pertinácia em estudos de laboratório, eles se arrojavam a experimentar máquinas frágeis, primitivas, perigosas. Foram centenas as vítimas que lutaram com mil dificuldades, sempre recebidos como malucos, que não conseguiram ver o triunfo dos seus sonhos, mas que colaboraram com o sacrifício de sua vida. Eu também tive a honra de trabalhar ao lado de alguns desses bravos, porém o Todo Poderoso não quis que o meu nome figurasse junto ao deles. Não fosse a audácia, digna de todas as nossas homenagens, dos Capitães Ferber, Lilienthal, Pilcher, Barão de Bradsky, Augusto Severo, Sachet, Charles, Morin, Delagrange, irmãos Nieuport, Chavez e tantos outros - verdadeiros mártires da ciência - e não assistiríamos a esse progresso maravilhoso da aeronáutica, conseguido à custa dessas vidas, quando ficava sempre uma lição.Aos jovens, a maior parte dos meus leitores, suplico-lhes: não se esqueçam desses nomes!”....Em um humilde gesto de homenagem e gratidão, o Grupo Dezz trabalhou para que esse nome não fosse esquecido, sinônimo de bravura, genialidade e altruísmo: Santos Dumont.

Santos Dumont vivia pelos outros, os prêmios que ganhou - que não eram poucos nem pequenos - repassou a colegas inventores, dividiu entre sua equipe ou distribuiu entre os pobres. Ajudava famílias necessitadas e, o mais impressionante, não patenteava nenhum de seus inventos. Entregava seus projetos a todos, pois acreditava que eram propriedade da humanidade. Aliás, poucos sabem também que, entre suas invenções, estão duas que estão presente entre bilhões de pessoas e lugares: a regulagem de temperatura em chuveiro e o uso de rodas em portas. Sim, é bom ressaltar: Santos Dumont inventou o dirigível, o avião, a regulagem quente-frio do chuveiro, a porta de correr e muitas outras coisas, como o hangar, o ultraleve, o simulador de vôo, o aeroporto e a palavra “airport” (em inglês!), o horizonte artificial, o uso do alumínio, da roda e do motor a explosão em aeronaves, o “cálculo de área alar” e a “relação peso x potência”, até hoje utilizados na indústria aeronáutica. Além disso, em 1904, Santos Dumont encomendou a seu amigo joalheiro Luis Cartier o primeiro relógio de pulso masculino. Até então, somente mulheres usavam relógio no pulso, uma invenção da empresa suiça Patek Philippe, em 1868. As pulseiras eram de brilhantes e Santos Dumont foi o primeiro a utilizar o couro. Como era sempre imitado, coube a ele a popularização do uso do relógio no pulso.....Apesar de sua ascendência francesa e de ter realizado a maior parte de sua obra em Paris, amava o Brasil profundamente e vivia protestando ao governo para que desse mais atenção à aviação. Aqui suicidou-se em 1932. Estava com profunda depressão originada pelo excesso de trabalho e pelas fortes tensões que sofrera em perigo nos vôos experimentais. Os problemas nervosos e psicológicos se intensificaram com o uso do avião como arma; foi tornando-se cada vez mais solitário e pesaroso. Há cerca de um ano de sua morte, alguns de seus grandes amigos morreram ao cair no mar quando o saudavam em sua chegada ao Brasil em um hidroavião Bleriót batizado com seu nome. Não mais se reestabeleceu. Ver sua invenção como arma na revolução de 32 em seu próprio país foi a “gota d’água” - suicidou-se no dia seguinte. À época que sobrevoou uma parada militar com o Dirigível Nº 9 (na foto ao lado), chegou a prever, com certa vaidade, as grandes vantagens bélicas que teriam as máquinas aéreas no futuro. No entanto, ao criar o avião, ao avaliar tal poderio mais concretamente e ao constatá-lo com o advento da I Guerra Mundial, insistia a todos que usassem aviões somente como defesa - patrulhamentos de fronteiras e reconhecimentos - e nunca se conformou com seu uso como arma. Em 1926, fez um apelo em carta ao Embaixador do Brasil na Sociedade das Nações (organização precursora da ONU), clamando pela interdição das máquinas aéreas como armas de guerra. Sua doença era então agravada ao trazer para si a responsabilidade da invenção do avião, uma arma extremamente mortal.....Essa figura notável, comprometeu seus estudos, seu trabalho, sua saúde, toda a sua vida para o bem das pessoas e da humanidade. Sempre pensando nos outros, escreveu em sua obra “O que eu vi, o que nós veremos”, ao referir-se aos pioneiros da aviação:
“Após heróica pertinácia em estudos de laboratório, eles se arrojavam a experimentar máquinas frágeis, primitivas, perigosas. Foram centenas as vítimas que lutaram com mil dificuldades, sempre recebidos como malucos, que não conseguiram ver o triunfo dos seus sonhos, mas que colaboraram com o sacrifício de sua vida. Eu também tive a honra de trabalhar ao lado de alguns desses bravos, porém o Todo Poderoso não quis que o meu nome figurasse junto ao deles. Não fosse a audácia, digna de todas as nossas homenagens, dos Capitães Ferber, Lilienthal, Pilcher, Barão de Bradsky, Augusto Severo, Sachet, Charles, Morin, Delagrange, irmãos Nieuport, Chavez e tantos outros - verdadeiros mártires da ciência - e não assistiríamos a esse progresso maravilhoso da aeronáutica, conseguido à custa dessas vidas, quando ficava sempre uma lição.Aos jovens, a maior parte dos meus leitores, suplico-lhes: não se esqueçam desses nomes!”....Em um humilde gesto de homenagem e gratidão, o Grupo Dezz trabalhou para que esse nome não fosse esquecido, sinônimo de bravura, genialidade e altruísmo: Santos Dumont.


http://www.santosdumont.net/santos/index2.htm

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Mestre Gabriel - O Mestre e Autor da União do Vegetal


José Gabriel da Costa:
Trajetória de um brasileiro, Mestre e Autor da União do Vegetal


1. Introdução

Este texto visa traçar a trajetória de José Gabriel da Costa, fundador da União do Vegetal, e relacioná-la com aspectos da especificidade cultural brasileira. Acompanhando o percurso de sua vida, é possível tecer uma ampla rede de relações com diversas configurações culturais presentes na sociedade brasileira. Este texto restringir-se-á a uma breve exposição dessa trajetória, através do recurso às poucas fontes de informação disponíveis, limitando-se a apontar somente algumas possíveis linhas de investigação, a serem desenvolvidas oportunamente[1].
Em 22 de julho de 1961, José Gabriel da Costa, chamado por seus discípulos de Mestre Gabriel, fundou a União do Vegetal, a UDV, na Amazônia, em região próxima à fronteira entre o Brasil e a Bolívia. . Como centro da atividade religiosa do grupo está a ingestão da Hoasca ou Vegetal, chá obtido a partir de duas plantas, um cipó denominado mariri, Banisteriopsis caapi, e um arbusto chamado chacrona, Psychotria viridis. No ano de 1965, José Gabriel da Costa mudou-se para Porto Velho, onde consolidou a União recém-fundada. Em 1967, após incidentes de perseguição policial ao grupo em Porto Velho, é encaminhada a constituição de uma entidade civil, primeiramente denominada Sociedade Beneficente União do Vegetal, adotando depois o nome definitivo de Centro Espírita Beneficente União do Vegetal. Ainda em vida de Mestre Gabriel, foi fundado o núcleo de Manaus e em 1972, um ano após seu falecimento, já se inaugurou o núcleo de São Paulo. Em 1998, havia em torno de 70 núcleos espalhados por todo o Brasil, totalizando aproximadamente 7 mil sócios.



2. José, o menino de Coração de Maria

No dia 10 de fevereiro de 1922, na localidade de Coração de Maria, próxima a Feira de Santana, Bahia, nasce José Gabriel da Costa. Filho de Manuel Gabriel da Costa e Prima Feliciana da Costa, José nasce em uma numerosa família de treze irmãos: João, Dionísio, Otacílio, Pedro, Romão, Maria, “Miúda”, José Gabriel, “Sinhá”, Alfredo, Antônio, Maximiano, Hipólito[2]. No livro União do Vegetal: Hoasca; Fundamentos e Objetivos, o único texto editado para o grande público até o momento pela instituição, apenas três páginas tratam da vida do fundador da UDV. Assim, tivemos de buscar informações junto a parentes e outras pessoas que com ele conviveram, além de pesquisar no jornal Alto Falante, do Departamento de Memória e Documentação da UDV.
Segundo seus parentes, desde pequeno, José já se destacava como alguém especial. Contam que ainda criança, ele auxiliou uma mulher com dificuldades de parto. O bebê se encontrava mal posicionado e a parteira temia que morressem mãe e filho. José entra no quarto, manda todos saírem, tranca a porta e logo em seguida a destranca. Quando o menino abre a porta, simultaneamente nasce a criança.
Na década de 20, o menino José cresce em um meio rural fortemente marcado pelo catolicismo popular. Uma recordação que narram de sua infância é que o “garoto ia aos domingos à igreja de sua cidade e levava com ele um barbante. Durante a missa, amarrava as pessoas umas às outras, pelos passantes das roupas, sem que elas percebessem”
[3]. Nas chamadas, hinos entoados durante o ritual da UDV, há referências constantes a Jesus e a vários santos católicos: a Virgem da Conceição, São João Batista, a Senhora Santana, São Cosmo e São Damião.
Aos 13 anos de idade, em 1935, José vai trabalhar em Salvador. Emprega-se em diversos estabelecimentos comerciais. Aos 18 anos, presta serviço militar voluntariamente na Polícia Militar da Bahia, chegando em poucos meses à patente de cabo de esquadra. Segundo seu irmão Antônio, atualmente também mestre na UDV, José Gabriel “conheceu todas as religiões, conheceu os terreiros de Salvador, andou por todas as religiões procurando a realidade”
[4]. Segundo outro mestre, José iniciou na “ciência espírita” com apenas 14 anos. Provavelmente, esta informação refere-se à participação de José em terreiros de candomblé, e não em centros kardecistas, com os quais entretanto ele também entrou em contato, só que posteriormente, ainda quando morava em Salvador.
Segundo o pesquisador Afrânio Patrocínio de Andrade, José Gabriel freqüentou sessões espíritas kardecistas na Bahia
[5] . Foi, aliás, em Salvador que teve início o espiritismo kardecista no Brasil, no ano de 1865. Luís Olímpio Teles de Menezes fundou nesse ano o centro espírita Grupo Familiar do Espiritismo[6]. De acordo com Patrocínio de Andrade, certos temas recorrentes na União do Vegetal poderiam ter sido colhidos do espiritismo kardecista. Antes de mais nada, a visão reencarnacionista, um dos eixos fundamentais da visão de mundo da UDV. Assim como o lema “Luz, Paz e Amor”, denominado o “símbolo da União”, poderia provir dos temas espíritas da “luz interior”, da “paz de espírito” e do “amor ao próximo” (ou caridade). A própria ênfase na “União” é freqüente entre os espíritas no Brasil.[7]


3. O capoeirista

Segundo declarações de familiares, o jovem José foi considerado pelos prosadores populares um dos melhores da região. Como cantador repentista teve sucesso inclusive em Alagoas e Sergipe. Também se destacou na capoeira, chegando a ser considerado um dos melhores do Nordeste. O livro de Ruth Landes, A cidade das mulheres, nos auxilia a traçar um panorama dos ares soteropolitanos da década de 30, que José tantas vezes respirou. A autora é levada por Edison Carneiro para assistir uma capoeira. Ela descreve detalhadamente a seqüência do jogo, e em certo momento, observa: “silenciados os ecos do desafio, terminada a rodada, os dois homens andavam e corriam sem descanso em sentido contrário aos ponteiros do relógio, um atrás do outro, o campeão à frente com os braços levantados”[8]. É interessante notar que no ritual da UDV a circulação das pessoas no salão se faz também no sentido anti-horário, pois “este é o sentido da força”. Na capoeira, José cultiva uma série de habilidades postas em prática posteriormente, em suas experiências de incorporação nos toques de caboclo como Sultão das Matas. Do mesmo modo, tais habilidades também foram exercitadas como Mestre da UDV.
Evocadora desse ambiente capoeirista é a cantiga de domínio público gravada por Nara Leão, às vezes tocada em sessões da UDV:


“Minino, quem foi teu mestre?
Meu mestre foi Salomão.
A ele devo dinheiro,
saber e obrigação.
O segredo de São Cosme
quem sabe é São Damião, olê
Água de beber, camarada
água de beber, olê
Água de beber, camarada
faca de cortar, olê
Faca de cortar, camarada,
Ferro de engomar, olê
Ferro de engomar, camarada
Perna de brigar, olê
Perna de brigar, camarada.


Minino, quem foi teu mestre?”
[9]

Parece estar relacionada à capoeiragem a decisão do jovem José de viajar da Bahia para o Norte. De acordo com relato de seu filho Carmiro da Costa, em 1943 José envolve-se num conflito. Um amigo seu, de nome Mário, tem o pé pisado por um policial. José Gabriel “compra a briga do Mário”. Este foge e os policiais seguram José. Num golpe de destreza, ele consegue se desvencilhar dos policiais. Segue para um navio, para onde tinha ido se refugiar o amigo Mário. Os dois se alistam no “Exército da Borracha” e rumam para o Norte no navio Pará, da frota do Lloyd Brasileiro. Chegando a Manaus, embarcam no navio Rio Mar, com destino a Porto Velho, onde chegam no dia 13 de setembro de 1943. Os dois vão juntos para o trabalho na seringa e fazem um “pacto de amigo”, de só se separarem pela morte. No seringal, José Gabriel cumpre até o fim esse pacto, cuidando de Mário, que adoece com leishmaniose. Chega a carregar Mário nas costas por vários quilômetros. Quando o doente morre, seu amigo sozinho o enterra na floresta.[10] Tudo indica que Mário era companheiro de capoeira de José Gabriel. No mundo da capoeiragem na época, a ética dos grupos sublinhava a importância da solidariedade e fidelidade entre os camaradas. E eram freqüentes os conflitos entre os grupos, com a polícia ou com indivíduos de outros segmentos da sociedade. Em dissertação acerca da capoeira no Rio de Janeiro de 1890 a 1937, Antonio Pires afirma que “as relações de conflito e solidariedade na capoeiragem estiveram permanentemente relacionadas com os conflitos mais gerais da sociedade”[11]. Parece que já se esboça nesse tempo a preocupação de José Gabriel com a “justiça”. Sua participação na capoeiragem em Salvador não conflita com seu engajamento profissional, primeiramente como comerciário e depois como enfermeiro. Como observa Antonio Pires quanto à capoeira no Rio, “a maioria dos capoeiras comprovaram manter vínculos com o ‘mundo do trabalho’, descaracterizando o estereótipo de vadios construído em relação a eles.”[12]


4. O seringueiro do Exército da Borracha

Chegando no Território de Guaporé, atual Estado de Rondônia, José Gabriel se insere num ambiente com uma configuração ecológica e sócio-cultural bem distinta da Cidade de Salvador. O extrativismo da borracha, depois de seu período de boom, entre 1890 e 1912, havia em seguida atravessado uma fase de declínio, devido à concorrência no mercado internacional da borracha extraída na Ásia. Com a Segunda Guerra Mundial, apresentou-se a necessidade de borracha para os exércitos Aliados. Com a assinatura de acordos com os Estados Unidos, o Governo Vargas iniciou uma ampla campanha de recrutamento de trabalhadores, principalmente nordestinos, para a extração gomífera no Norte. Foi criado o SEMTA, Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia, que, somente no ano de 1943, encaminhou 13 mil pessoas, segundo dados oficiais[13].
No mesmo ano de 1943, José Gabriel integra essa massa de trabalhadores nordestinos que se lançam como “brabos” nos seringais amazônicos. “Brabo é gente que nunca cortou seringa, nunca andou na floresta. Sofremos muito, como brabo” - declara Pequenina, esposa de José Gabriel
[14]. O sofrimento daqueles homens, submetidos a condições de vida e trabalho extremamente penosas, em um ambiente desconhecido, sem o auxílio governamental prometido pela propaganda oficial, ficou bem marcado na memória dos sobreviventes da “batalha da borracha”. A antropóloga Lúcia Arrais, que está elaborando sua tese de doutorado a respeito dos soldados da borracha, recolheu o seguinte depoimento, de um Sr. Chico, ex-soldado da borracha, que bem se assemelha ao da esposa de José Gabriel: “.... a casa dele era bem pequenininha num tinha onde a gente dormir. Dormimo no teto mermo. Carapanã! Carapanã, Lúcia! e agora, a comida? Tudo brabo, tudo... a gente já tinha deixado a Companhia [SEMTA] já... Aí fiquemo aí sofrendo.. fiquemo jogado que nem cachorro na beira do rio... [Qual?] era o Solimões acima de Tefé. Aí eu disse: ‘ombora pessoal! vamo meu povo!, bora cuidar!, bora se virar’.”[15] Arrais observa que aqueles que conseguiram sobreviver a condições tão adversas foram homens de significativa inteligência e iniciativa, que conseguiram adaptar seus esquemas de percepção e recursos cognitivos à nova realidade em que se encontravam: “Numa atitude de quem vive em estado de autodefesa permanente, o Sr. Chico diz: ‘ombora pessoal! bora se virar!’. E então escolhem uma linha de ação onde predomina a iniciativa e a coragem. Onde prevalece a concentração dos recursos da percepção, da memória e da atenção para dirigir esforços na descoberta de meios capazes de resolver a questão.”[16] José Gabriel foi um desses homens de aguda inteligência e destreza, que não somente conseguiu sobreviver como chegou a ser considerado pelos seus companheiros como o “Tuxáua”, o seringueiro que coletava maior quantidade de seringa na região. Tais êxitos eram acompanhados de dureza e sofrimento, como quando José Gabriel pisou em uma arraia, e teve de passar “um ano e dez meses sem poder andar, de muleta”.[17]


5. O ogã do terreiro de Chica Macaxeira

Depois de trabalhar um tempo no seringal, José Gabriel muda-se para Porto Velho, onde fica trabalhando como servidor público, enfermeiro no Hospital São José. Conhece, em 1946, Raimunda Ferreira, chamada Pequenina, com quem se casa no ano seguinte. Em Porto Velho, “Seu” Gabriel atendia pessoas em sua casa, pois jogava búzios. Mais tarde, se torna Ogã e Pai do Terreiro de São Benedito, de Mãe Chica Macaxeira[18]. Esse terreiro foi citado por Nunes Pereira[19], que o visitou, possivelmente em meados da década de 60 ou no início dos anos 70. O pesquisador maranhense reconhece o terreiro de Porto Velho como sendo da tradição mina-jeje, oriundo da Casa das Minas. “Os toques, inegavelmente, tinham a rítmica que me era familiar não só da Casa das Minas, de São Luís do Maranhão, como do Bogum de Mãe Valentina, em Salvador, Estado da Bahia.”[20]
É surpreendente descobrir que Nunes Pereira encontrou no Terreiro de Chica Macaxeira uma “inovação no ritual mina-jeje, o uso da ayahuasca. E isso, sem dúvida, para estimular , paralelamente, com os cânticos rituais e com a voz sagrada dos tambores, ogãs e gôs, o estado de transe, a possessão que ligam os Voduns do panteão daomeano ou do ioruba às gonjais e noviches que o cultuam”
[21]. Ora, no tempo em que José Gabriel lá trabalhava como Ogã, não havia utilização da ayahuasca no culto, tanto que ele somente viria a conhecer a bebida anos depois, no seringal. Assim, é legítimo deduzir que a Mãe-de-Terreiro Chica Macaxeira conheceu a ayahuasca através de seu antigo Ogã e Pai-de-Terreiro José Gabriel. Quando Nunes Pereira visitou o terreiro, o conjunto dos cânticos era lá denominado Doutrina da Ayahuasca. “Nomes de santos católicos, nalguns desses cânticos, se misturaram com os dos Voduns mina-jejes, tais como Xangô, Badé, Avêrêquête, e os ditos Barão de Goré, Sultão das Matas, Marangalá, Jatêpequare, Tindarerê, etc.”[22] É significativo que nos anos 60 ou 70 haja a presença do Sultão das Matas na lista das entidades do terreiro, já que, como se verá adiante, José Gabriel “recebia” esse caboclo quando trabalhava num terreiro que armou no seringal, nos anos 50.


6. O Sultão das Matas e os xamãs da fronteira boliviana

Até 1950, José Gabriel morava com Pequenina em Porto Velho. O casal já tivera dois filhos: Getúlio e Jair. Além de trabalhar como enfermeiro, ele tinha também uma taberna de bebidas. E gostava de política. Diante dos dois partidos que disputavam o governo do Território de Guaporé, o de Rondon e o de Aluísio, José Gabriel era pró-Rondon. No entanto, seu candidato perdeu, e ele foi perseguido em seu emprego público no hospital. Tendo de se afastar de seu trabalho, José resolve voltar para o seringal. E sua mulher discorda: “Eu disse: ‘Não, o que é isso? Eu não nasci no seringal, em mato. Não quero criar meus filhos sem saber ler e escrever.’ Ele disse: ‘É porque eu vou atrás de um tesouro.’ Mas eu era uma pessoa de cabeça cheia de muitas coisas e achei que era riqueza material que ele ia achar, e nós ia enricar, ter uma vida de rosa. Então, quando ele disse que ia, eu disse: ‘Então, vamos.’ Então eu digo que esse tesouro que ele encontrou junto comigo e os dois filhos, pra mim, é um tesouro tão maravilhoso que dinheiro nenhum não paga essa felicidade. (...) Então, esse tesouro, que é a União do Vegetal, tem me amparado.”[23] Nestas palavras de Mestre Pequenina e provavelmente também na afirmação de José Gabriel, poder-se-ia detectar a presença dos motivos edênicos que povoaram o imaginário das populações que se defrontaram com a floresta amazônica. Nos sonhos e anseios dos nordestinos pobres que se lançam na aventura da borracha ecoam ainda as buscas das “estranhas coisas deste Brasil”: do Eldorado, da Lagoa do Vupabuçu, ou da serra anunciada por Filipe Guillén, “que ‘resplandece muito’ e que, por esse seu resplendor era chamada ‘sol da terra’ ”[24]. Posteriormente, o sonho do tesouro a ser encontrado na selva é resignificado, passando a expressar a União do Vegetal, que nasce da floresta, de um líquido também dourado, denominado por vezes de “chá misterioso”[25].
No seringal Orion, José Gabriel abriu o terreiro no qual “recebia” o caboclo Sultão das Matas. Como recorda Mestre Pequenina, “vinha gente de tudo quanto era seringal”
[26] consultar o Sultão das Matas. E ele curava as pessoas, assim como indicava o lugar certo onde se encontrava caça. Adaptando-se a um novo contexto sócio-ecológico-cultural, José Gabriel dirige um rito sincrético afro-indígena, no qual o valor simbólico da floresta, que perpassa toda a vida dos seringueiros, fica evidente. Tal rito, designado pelo filho de José Gabriel simplesmente como “macumba”[27], parece assemelhar-se à pajelança cabocla amazônica[28], uma forma de xamanismo não-indígena na qual tem importância fundamental a noção de incorporação do curador por entidades espirituais que agem através dele para a cura dos doentes. No entanto, certamente permaneciam marcantes nos toques do Seringal Orion os elementos religiosos afros vivenciados anteriormente por José Gabriel, seja na Bahia, seja em sua participação no Terreiro de São Benedito de Porto Velho.
Mais tarde, quando já estão em outro seringal, Pequenina fica sabendo de um chá: “o pessoal vê isso, vê aquilo, o cara falou até com o filho depois de morto”
[29]. Ela fala a José Gabriel e ele vai pedir o chá ayahuasca a quem o distribuía no lugar. Mas o homem disse que “não dava o Vegetal praquele baiano que sabe aonde as andorinhas dormem”[30]. Tempos depois, no seringal Guarapari, numa colocação chamada Capinzal, na região da fronteira boliviana, José Gabriel recebe pela primeira vez o chá de um seringueiro chamado Chico Lourenço, no dia 1° de abril de 1959. Chico Lourenço representa uma tradição indígena-mestiça de uso xamânico da ayahuasca que se espalha por uma ampla região da Amazônia ocidental. Tal tradição é designada posteriormente pela UDV como a dos “Mestres da Curiosidade”. Aí se inicia nova etapa na trajetória de José Gabriel.[31]


7. O Mestre e Autor da União do Vegetal

José Gabriel bebe apenas três vezes o chá com Chico Lourenço. Logo depois, viaja por um mês para levar um filho doente a Vila Plácido, no Acre, e quando retorna traz um balde com o cipó mariri e a folhas de chacrona que colheu no caminho. Diz à mulher: “Sou Mestre, Pequenina, e vou preparar o mariri”[32]. Segundo seu filho Jair, “nesse período o Mestre Gabriel não deixou a macumba não. Ele fazia uma Sessão de Vegetal e uma de umbanda.”[33]
Somente em 1961 ele reuniu as pessoas e disse: “Eu quero falar pra vocês que tudo que o Sultão das Matas fez eu sei: Sultão das Matas sou eu.”
[34] Este é um dos momentos mais importantes de ruptura de José Gabriel com a tradição religiosa à qual estava ligado anteriormente. Ao postular para si mesmo o poder antes atribuído à entidade Sultão das Matas, o agora Mestre Gabriel nega a incorporação dos cultos de caboclo e configura o transe que será típico da União do Vegetal: a burracheira. A burracheira, que segundo Mestre Gabriel significa “força estranha”, é a presença da força e da luz do Vegetal na consciência daquele que bebeu o chá. Assim, trata-se de um transe diverso, no qual não há perda da consciência, mas sim iluminação e percepção de uma força desconhecida. Há uma potencialização dos sentimentos, das percepções e da consciência do indivíduo.
Em seguida, Mestre Gabriel e sua família se mudam para o seringal Sunta. No dia 22 de julho de 1961, ele reúne as pessoas para um preparo de Vegetal. Nesse dia, o Mestre Gabriel declara criada a União do Vegetal. Ou melhor, afirma que a UDV foi recriada, já que ela teria existido no passado, quando ele mesmo teria vivido em outra encarnação. No dia 6 de janeiro do ano seguinte, Mestre Gabriel se reúne com doze Mestres da Curiosidade no Acre, em Vila Plácido. Numa sessão, eles reconhecem Gabriel como o Mestre Superior. Finalmente, no dia 1° de novembro de 1964 é realizada uma sessão na qual o Mestre Gabriel afirma que fez a Confirmação da União do Vegetal no Astral Superior. Logo depois, em 1965, ele se muda para Porto Velho, para lá consolidar a nascente instituição. Apenas seis anos depois, se deu o falecimento de José Gabriel da Costa, no dia 24 de setembro de 1971.



8. Conclusão

Descrevendo-se em largos traços a vida de José Gabriel da Costa, fica patente a sua participação numa larga seqüência de configurações culturais muito próprias da sociedade brasileira: o catolicismo popular rural do interior da Bahia, a capoeiragem e os cultos afro-brasileiros de Salvador, a vida sofrida de seringueiro na Amazônia, a experiência de incorporação dos cultos de caboclo, o transe xamânico do hoasqueiro, e, finalmente, a atuação carismática do fundador de um novo movimento religioso.
A maleabilidade, a destreza, a vivacidade e a ginga da capoeira contribuíram para que José Gabriel viesse a elaborar uma inovadora síntese de diversos elementos culturais e religiosos, num culto profundamente adaptado à realidade sócio-cultural amazônica. E não apenas adaptado a esta, mas com virtualidades para se expandir por todo o Brasil, exatamente por ser constituído por uma criação vigorosa que se apropriou de configurações provenientes de diversas regiões brasileiras.
O que ensina Gilberto Freyre pode inspirar a conclusão deste texto: “Verificou-se entre nós uma profunda confraternização de valores e de sentimentos. Predominantemente coletivistas, os vindos das senzalas; puxando para o individualismo e para o privatismo, os das casas-grandes. Confraternização que dificilmente se teria realizado se outro tipo de cristianismo tivesse dominado a formação social do Brasil; um tipo mais clerical, mais ascético, mais ortodoxo; calvinista ou rigidamente católico; diverso da religião doce, doméstica, de relações quase de família entre os santos e os homens, que das capelas patriarcais das casas-grandes, das igrejas sempre em festas - batizados, casamentos, ‘festas de bandeira’ de santos, crismas, novenas - presidiu o desenvolvimento social brasileiro.”
[35] José Gabriel da Costa, nascido nessa sociedade propensa a hibridismos, plena de plasticidade e inclusividade, elabora uma nova religião que também é “doce”, na medida em que privilegia o sentir e propicia ao indivíduo espaço para que ele próprio construa suas reinvenções criativas.
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Histórico Da União Do Vegetal


“Não me bebas sem razão.
Não me distribuas sem honra.”

Mestre Joaquim José de Andrade Neto

A UDV vem sendo recriada na Terra por determinação superior e nela permanece ora por períodos curtos, ora por períodos longos, sempre se manifestando na forma mais pura e elevada. Porém, quando as pessoas não demonstram grau para trabalhar com essa força e tentam usá-la de acordo com seus interesses pessoais, ela se recolhe nas brumas do tempo, desaparecendo temporariamente.
Sua origem encontra-se nos primórdios da civilização humana, quando Caiano, discípulo e assistente do Rei Salomão, recebeu deste o sétimo segredo da Natureza, ou seja, a União do Vegetal, e, com ela, a chave da palavra perdida para entrar em contato com a Força Superior e penetrar nos encantos da Natureza Divina.
De posse desse segredo, Caiano vem reencarnando na Terra em diversos destacamentos, procurando, a cada vez, restaurar a União do Vegetal, trazendo os homens das trevas para a luz, da ignorância para o Conhecimento, da ilusão para a realidade. Neste século, retornou no corpo e no nome de José Gabriel da Costa para uma vez mais recriá-la. Da cidade de Coração de Maria, Bahia, onde nasceu, ele dirigiu-se já em idade madura para Porto Velho, Rondônia, com o objetivo de trabalhar como seringueiro na Floresta Amazônica, e lá acabou reencontrando o chá Oaska, também conhecido por Vegetal. Com a comunhão, começou a recordar-se de suas vidas passadas, e a partir de então ficou três anos examinando essas revelações. A partir de 1961, já consciente de sua missão como MESTRE Gabriel, começou a distribuir o chá e a doutrinar pessoas.
Nessa época, já tendo recebido as chamadas e os ensinamentos sobre como contactar a Força Superior através da Oaska, ele constituiu em Porto Velho uma sociedade que recebeu o nome de Associação Beneficente União do Vegetal. Alguns anos depois, devido à incompreensão por parte de autoridades policiais e por conveniência jurídica, acabou mudando esse nome para Centro Espírita Beneficente União do Vegetal.
De origem humilde, MESTRE Gabriel enfrentou durante a sua vida muitas dificuldades, e lutou heroicamente pela sobrevivência e sustento da mulher e de seus oito filhos. Todos os que o conheceram puderam sentir a beleza e a luminosidade de seu espírito, e quem não teve esse privilégio pode vislumbrar sua força espiritual através das centenas de chamadas que ele trouxe para a União do Vegetal e através do conforto espiritual proporcionado por seus ensinamentos, os quais revelam, sobretudo, o verdadeiro sentido da existência.
Apesar dos obstáculos, o MESTRE dedicou-se integralmente à obra espiritual que lhe estava destinada, e deixou, antes de desencarnar, dezenas de associados provenientes de diversos Estados do país e doze pessoas incumbidas de distribuir o Vegetal, as quais apenas simbolicamente iriam dar continuidade ao seu trabalho até que chegasse quem estava destinado a ser o seu legítimo representante.
Com o desencarnamento de MESTRE Gabriel, a UDV continuou funcionando sob a sua supervisão espiritual. Porém, o fato de a Ordem não contar naquele momento com a presença de um Mestre encarnado deu início a acontecimentos que indicavam que alguma coisa estava prestes a ocorrer, como se a União do Vegetal aguardasse o preenchimento de uma lacuna ocasionada pela ausência de quem sabe o que faz, por que e para que o faz.
Com efeito, esses indícios de transformação acabaram dando origem a um novo ciclo, que teve início em 1981 (dez anos após o desencarnamento de MESTRE Gabriel) com a constituição, por Mestre Joaquim José de Andrade Neto, do Centro Espiritual Beneficente União do Vegetal, em Campinas, São Paulo.



A CONSTITUIÇÃO DO CENTRO ESPIRITUAL
BENEFICENTE UNIÃO DO VEGETAL

Para compreender um fato é preciso, muitas vezes, identificar suas origens e o contexto em que ele ocorreu.
No caso da constituição do Centro Espiritual Beneficente União do Vegetal por Mestre Joaquim, é fundamental conhecer alguns acontecimentos que tiveram lugar a partir de sua chegada em 1975 à cidade de Porto Velho, para onde ele se dirigiu em busca da União do Vegetal. É com o objetivo de trazer esclarecimento sobre esse assunto que relataremos a história desde o início.

A chegada a Porto Velho

Em 1975, quatro anos após o desencarnamento de MESTRE Gabriel, chegou a Porto Velho, procedente de Campinas, Joaquim José de Andrade Neto, na época com vinte e cinco anos, à procura da Oaska, da qual ouvira falar por intermédio de um conhecido. Foi recebido pelo então representante geral da União do Vegetal, mestre João Ferreira de Sousa, conhecido como mestre Joanico, o qual marcou uma sessão para o dia 17 de abril especialmente para atendê-lo.
Ao beber o Vegetal como sócio adventício na então Sede Geral, templo José Gabriel da Costa, na época em construção, numa sessão da qual participaram mais de trinta pessoas, Joaquim José de Andrade Neto, convidado a falar, provocou emoção nos presentes quando discorreu sobre a missão da União do Vegetal na Terra e sua ligação pessoal com ela, manifestando ainda, de forma marcante e significativa, seu reconhecimento e determinação em servir à Ordem. Concluiu a exposição com as seguintes palavras: “O poder do mal é grande, mas a coroa pertence ao Bem”.
Terminada a sessão, que havia sido dirigida por mestre Joanico, ele disse:
- Mestre, eu vi tudo.
Ao que mestre Joanico respondeu:
- O senhor não viu nada. Isso é só o começo.
Voltando o olhar para uma faixa, exposta num busto do MESTRE Gabriel, na qual estavam inscritas as letras UDV é OBDC, indagou:
- O que significam essas letras?
Ouviu a seguinte resposta:
- Um dia o senhor vai saber.
- Tu o dizes! - sentenciou, e despediu-se com um forte aperto de mão e um olhar que expressava grande gratidão pelo copo de fogo líqüido que ainda iluminava seu espírito.
O encontro entre o hoje Mestre Joaquim e mestre Joanico foi tão forte que, no dia que se seguiu ao dessa primeira sessão, mestre Joanico lhe deu, atendendo a um pedido seu, uma quantia de Vegetal equivalente a um copo para que a levasse consigo, atitude inédita em alguém cujo comportamento primava pelo rigor no trato com as coisas relacionadas com a União do Vegetal. Agiu desta maneira em obediência à força da burracheira, motivado por um reconhecimento instintivo de que se encontrava diante de alguém destinado a cumprir uma missão significativa na União do Vegetal.
Tal atitude, porém, não foi compreendida pelos demais discípulos, e acabou provocando ciúme em algumas pessoas que tinham dificuldade para aceitar os acontecimentos. E este foi apenas o início de uma série de incompreensões que culminaram posteriormente na constituição do Centro Espiritual Beneficente União do Vegetal. No entanto, essa entrega do Vegetal a Mestre Joaquim teve grande importância devido à influência que a presença do poderoso líqüido teve junto a ele nos acontecimentos que se seguiram.

Em busca do mandado de segurança

Naquela mesma ocasião, Mestre Joaquim manifestou a mestre Joanico a sua vontade de participar de uma sessão em Manaus antes de retornar a Campinas, e este prontificou-se então a escrever duas cartas apresentando-o ao representante e ao presidente do Núcleo dessa cidade.
No dia seguinte, de posse das cartas, Mestre Joaquim viajou para Manaus no barco Intendente João Elias, no qual, além da tripulação, apenas ele e um passageiro viajavam.
Durante os dois primeiros dias da viagem, Mestre Joaquim e o outro passageiro não conversaram. Este, que viajava em uma rede ao seu lado, ocupava-se durante todo o tempo com a leitura da Bíblia, enquanto o Mestre lia um livro intitulado Uma aventura na mansão dos Adeptos Rosa-Cruzes, presente de um senhor que ele conhecera num hotel, de nome David, delegado do Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento de Porto Velho.
No segundo dia, Mestre Joaquim leu em voz alta a última frase do livro, que era de São Paulo Apóstolo (Corínthios), fechando-o em seguida. E qual não foi a surpresa de seu companheiro de viagem ao ouvir exatamente a mesma frase que estava lendo na Bíblia! Depois desse acontecimento, iniciou-se uma conversação através da qual Mestre Joaquim soube que esse passageiro se chamava Inácio Mendes, que havia sido dono de um jornal em Porto Velho e que não só conhecera MESTRE Gabriel como também participara de algumas sessões (motivado principalmente por problemas de saúde) dirigidas por ele.
O Sr. Inácio contou-lhe que, na ocasião, o Vegetal lhe fizera bem, mas que, como era pessoa de posses, membro do Rotary e da Maçonaria, havia sido desestimulado por conhecidos a freqüentar a União do Vegetal pela maneira humilde como ela se manifestou naquela fase de sua história. E, ao saber que o Mestre dirigia-se a Manaus para participar de uma sessão, disse-lhe que também ele viajava com destino a essa cidade, na qual pretendia fazer um tratamento de saúde. Manifestou então sua vontade de beber o Vegetal novamente, e pediu-lhe que intercedesse junto ao representante do Núcleo no sentido de que a sua participação fosse permitida.
Mestre Joaquim concordou e, ao chegar a Manaus, despediu-se do Sr. Inácio Mendes, ficando com o endereço de sua filha para posteriormente contactá-lo. Procurou pelo presidente e pelo representante do Núcleo da União do Vegetal dessa cidade, e este, durante o encontro, decidiu que no dia seguinte, terça-feira, dia 22 de abril, seria realizada uma sessão extra para atendê-lo. A autorização para que também o Sr. Inácio comungasse o Vegetal foi concedida e o Mestre compareceu ao Templo levando-o consigo.
Durante esta sessão, surgiu o assunto das dificuldades que a União do Vegetal vinha tendo em função da incompreensão, por parte de autoridades policiais, quanto à distribuição do chá. O Sr. Inácio pediu a palavra e disse que discorrer acerca de tais problemas não fazia mais sentido, uma vez que existia um mandado de segurança, assinado por nove desembargadores, autorizando a utilização do chá Oaska em rituais religiosos. Acrescentou, ainda, que esse mandado havia sido impetrado pelo então advogado da Ordem, Sr. Jerônimo Santana, o qual, inclusive, fora indicado por ele próprio. Contou também haver sido por sugestão desse mesmo advogado, e por conveniência jurídica, que a denominação Centro Espírita fora adotada. E explicou que esse documento se encontrava na Secretaria de Justiça, em Brasília, e que quem poderia fornecer mais informações a esse respeito era o próprio Jerônimo Santana, que naquela época lá se encontrava.
A notícia do mandado causou espanto e alegria nos presentes, pois há muitos anos ele havia se extraviado e desde então ninguém conseguira localizá-lo.
Diante da necessidade de que alguém fosse até a Capital Federal em busca do documento, Mestre Joaquim prontificou-se a viajar para lá com esse objetivo. Em Brasília, contactou o Sr. Jerônimo Santana (que posteriormente chegou a ser governador de Rondônia) e, em seguida, dirigiu-se à Secretaria de Justiça, onde permaneceu o dia todo devido à dificuldade de localizar o mandado, a qual se devia ao fato de que este havia sido impetrado no nome de Associação Beneficente União do Vegetal.
De posse desse documento, Mestre Joaquim retornou a Campinas, de onde enviou uma cópia do mesmo a Porto Velho e outra a Manaus. Ele levou uma terceira consigo ao do Núcleo de São Paulo1, onde participou de uma sessão, a qual teve lugar um dia após a sua chegada. O mandado de segurança, que respalda juridicamente as atividades da União do Vegetal2, foi usado numa defesa publicada por representantes do Centro num jornal de Porto Velho de 15 de setembro de 1977. A confiança que o mestre geral representante daquela época depositou em Mestre Joaquim desde o primeiro encontro entre ambos constitui um sinal da harmonia deste com a manifestação do mistério que envolve a União do Vegetal, mistério esse que a partir de então desencadeou uma constelação de acontecimentos significativos, sem contar os que ainda virão.

UDV é OBDC

Alguns meses se passaram e, por ocasião de sua terceira viagem a Porto Velho, no dia seguinte ao de uma sessão de festa, Mestre Joaquim pergunta a mestre Joanico:
- O senhor sabe o significado de UDV é OBDC ?
Após olhar por alguns segundos seu interlocutor em silêncio, ele respondeu:
- Não, senhor.
Essa atitude franca e sincera veio a reforçar a amizade e o respeito mútuo. Em seguida, Mestre Joaquim pediu um pedaço de papel e um lápis e, sentando-se com ele junto à mesa, escreveu o significado das letras, dando a explicação necessária, diante da qual mestre Joanico ficou perplexo, pensativo e silencioso. E fez o mesmo com mais seis associados que já pertenciam ao quadro de mestres, os quais tampouco conheciam o seu significado. No caso destes, no entanto, a revelação foi recebida com um misto de espanto e incômodo. Hoje, depois de milhares de horas de burracheira e de rigorosa observação da natureza humana, Mestre Joaquim sabe que os ensinamentos hierofânticos do Senhor não devem ser entregues “de bandeja” às pessoas, mas sim descobertos por elas próprias.
Alguns membros mais antigos que conviveram com MESTRE Gabriel sabem que ele sentenciara:
- Quem descobrir o significado destas letras, esse é o Mestre.
Portanto, o desvendar desse significado, o qual se deu em três graus de saber (um dos quais já foi revelado), veio a confirmar o grau de convicção do Mestre acerca da importância do tesouro espiritual que, a partir de então, passou a estar sob sua guarda.

A União do Vegetal em Campinas

No Núcleo de São Paulo, Mestre Joaquim, ainda na condição de discípulo, comungou o Vegetal durante um ano, período no qual continuou a receber revelações significativas a respeito da União do Vegetal através de burracheiras iniciáticas que vinham reforçar, cada vez mais, sua firmeza e determinação em servi-la.
Já nessa época, premido pela necessidade, ele advertia sobre os desvios na doutrina e no comportamento dos discípulos, desvios esses que eram fruto de um excesso de liberalismo combinado com um envolvimento do então dirigente com a filosofia de uma seita indiana. O fato de ele ter percebido esse choque de doutrinas acabou provocando a sua decisão de desligar-se do Núcleo dessa capital. No entanto, permanecia ainda filiado à Sede Geral, em Porto Velho. Alguns meses depois, a distribuição do Vegetal em São Paulo é suspensa pela Sede Geral, e o Mestre, em mais uma de suas viagens a Porto Velho, recebe, em 1976, autorização para distribuí-lo em Campinas.
É importante ressaltar que Mestre Joaquim recebeu essa autorização apenas um ano após haver começado a freqüentar a União do Vegetal, e antes mesmo de que houvesse participado de qualquer sessão instrutiva1. É que as longas conversações mantidas com o então representante geral foram suficientes para fazer com que este sentisse que havia encontrado alguém capaz de cumprir e de fazer cumprir a lei da UDV. Além disso, Mestre Joaquim, como observador da natureza, aprendeu, através das chamadas e do Vegetal, a trazer de si os ensinamentos necessários para dar continuidade aos trabalhos da Ordem, descobrindo o segredo de como penetrar nos mistérios dos encantos da Minguarana.
Esta nova prova de confiança do mestre geral representante em relação a Mestre Joaquim constitui mais uma atitude inédita em sua carreira na representação, haja vista ao tempo que ele costumava demorar para autorizar a abertura de novos núcleos, tal como, por exemplo, ocorreu com o Núcleo de Brasília.
No Pré-Núcleo de Campinas, como instrutor, Mestre Joaquim deu continuidade à sua missão distribuindo o Vegetal durante treze meses, durante os quais procurou sempre seguir à risca os ensinamentos da UDV. Porém, como todo aquele que se dispõe a aplicar a lei é incompreendido, o Mestre continuou a ser alvo de críticas e julgamentos por parte de alguns integrantes do Centro, sobretudo porque procurava mostrar aos discípulos que o processo de Iniciação implica uma substancial mudança de hábitos, inerente a uma visão espiritual da vida.
Durante esse período, o Pré-Núcleo de São Paulo foi reaberto, e o seu então dirigente chegou a atender dois discípulos de Campinas que haviam sido punidos por infringência à Lei da União do Vegetal, permitindo-lhes participar de sessão. Agindo por conta própria, sem a autorização de Mestre Joaquim, aquele representante, com tal atitude, estava estimulando a desobediência, subvertendo a ordem e contribuindo para a desunião. Além disso, ele distribuía o Vegetal a outras pessoas residentes em Campinas, o que não fazia sentido, já que nesta cidade havia um Representante autorizado para desempenhar essa função. Assim agia por ver equivocamente em Mestre Joaquim o causador do fechamento do Núcleo da capital paulista no ano anterior, opinião que era compartilhada também por outros integrantes do mesmo. E então, embaçados por esse julgamento e dominados pela revolta, incentivavam a insubordinação nos demais discípulos, tentando convencê-los de que a lei da União do Vegetal não deveria ser cumprida de forma rigorosa. Com isso, infringiam a mesma Lei, esquecendo-se por completo dos ensinamentos do MESTRE Gabriel expressos em sua Convicção1 os quais determinam que não podemos julgar, censurar ou nos revoltar.
Tais divergências na linha de doutrinação, acrescidas de intrigas, provocaram um conflito entre o Pré-Núcleo de Campinas e a representação geral em Porto Velho, a qual, não conseguindo escapar às influências dos que se sentiam incomodados com a presença do Mestre, acabou suspendendo a distribuição do Vegetal em Campinas.
O que mais evidencia o fato de que a presença do Mestre não era conveniente para alguns integrantes é o motivo - comprovadamente fútil - encontrado para tentar justificar o fechamento do Núcleo: a questão de a camisa da União do Vegetal (trajada nas sessões) ser usada para dentro das calças, quando, segundo o representante geral, ela deveria ser usada para fora. É preciso esclarecer, no entanto, que no Pré-Núcleo de Campinas o uniforme era usado para dentro não por insubordinação, mas devido à falta cometida pela Administração Geral em não ter anexado, aos Boletins do Centro, o artigo que regulamentava o assunto. Mestre Joanico, durante sua visita a Campinas, procurou em vão por tal artigo, e constatou que ele não havia sido enviado pela Sede Geral. Essa questão poderia ter sido resolvida com uma simples determinação, a qual teria sido prontamente cumprida.
Ciente da decisão da sede geral de suspender a distribuição do Vegetal em Campinas (tomada por ocasião do regresso de mestre Joanico a Porto Velho, antes do qual ele passara pelo Núcleo de São Paulo), Mestre Joaquim acatou-a plenamente, devolvendo todo o material da UDV que estava em seu poder, inclusive o Vegetal. E embora tenha sempre se dedicado à Ordem desde o seu encontro com ela neste corpo, contribuindo para sua organização em todos os sentidos, o Mestre em nenhum momento lamentou o ocorrido, mesmo porque ele sabe que em tudo está o mistério de Deus.
A forma como ocorreu o fechamento do Pré-Núcleo, através de alegações que não explicam nem justificam o fato, constitui um farto material para reflexão. Os acontecimentos a ele relacionados foram tão significativos que acabaram por desencadear o fim de um ciclo e o início de outro, nascido sob a égide da vontade de Deus.

Em busca da conciliação

Após observar durante um ano a direção que os acontecimentos vinham tomando, Mestre Joaquim se deu conta da impossibilidade de continuar filiado ao Centro, uma vez que o regime hierárquico verticalista da União do Vegetal havia sido substituído por outro, de natureza política, em função do qual prevaleciam os interesses individuais. Pediu então desligamento, por escrito, consciente de sua decisão.
Transcorrido mais um ano, ele viajou a Porto Velho, pela sexta vez desde sua chegada em 1975, com o objetivo precípuo de ver esclarecida a questão da suspensão da distribuição do Vegetal em Campinas. Esperava que, àquela altura, a administração geral já tivesse tido tempo suficiente para reconhecer o engano em que consistira a sua decisão. Procurava, com isso, proporcionar aos representantes do Centro uma chance de se retratarem, para que, futuramente, não viessem a alegar que ele não havia esgotado todas as tentativas de conciliação.
Mestre Joaquim dirige-se então ao mestre geral (que não era mais mestre Joanico, visto que ele perdera a eleição para mestre geral) para propor-lhe a realização de uma sessão durante a qual, dentro da luz do Vegetal, pudessem examinar o assunto. Mestre Joanico intercede a seu favor, solicitando ao representante que realize uma sessão para se resolver o impasse, pois o fechamento do Núcleo de Campinas era para ele motivo de arrependimento. Prova disto é que, alguns meses depois, ele chegara a enviar a Mestre Joaquim, atendendo a um pedido seu, doze mudas de Mariri Tucunacá, atitude que lhe ocasionou sérios problemas perante a representação geral. No entanto, a proposta para a realização da sessão foi recusada, e através dessa recusa Mestre Joaquim pôde sentir no então representante o medo da prestação de contas, fruto da falta de convicção nas decisões anteriormente tomadas.
É sintomático que esse representante de Porto Velho fosse o mesmo que, anos antes, quando em visita ao Núcleo de São Paulo, havia sido indagado por Mestre Joaquim (que, na época, ainda na condição de discípulo, bebia o Vegetal pela sétima vez) do porquê de estar dirigindo uma sessão sem a camisa da União do Vegetal. Ele, não conseguindo se explicar, agradeceu a lembrança. Mas, apesar do agradecimento, não demonstrou, por ocasião dessa nova visita do Mestre a Porto Velho, a devida nobreza de espírito, já que, por razões inexplicáveis, recusou-se a atendê-lo, embora soubesse que se tratava de um ex-dirigente de Núcleo que viajara quatro mil quilômetros para resolver uma questão que não envolvia só a ele, mas também a outras pessoas que estavam privadas da comunhão do Vegetal há mais de dois anos.
Além disso, qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade teria percebido e levado em conta, naquela situação, o forte vínculo de Mestre Joaquim com a União do Vegetal, demonstrado desde a sua chegada através de atitudes significativas de fidelidade e dedicação. É digno de nota, por exemplo, o fato de que ele, em menos de três anos, tivesse viajado quarenta e oito mil quilômetros (o correspondente a seis viagens de ida e volta a Porto Velho), às suas expensas, para tratar de assuntos exclusivamente relacionados à UDV, dando início a um trabalho de organização e estruturação da mesma.
A recusa do representante impediu que a questão da redistribuição do Vegetal por Mestre Joaquim fosse examinada e decidida dentro do âmbito do próprio Centro, dado que lhe fechou a porta de acesso a ele e eliminou, assim, toda e qualquer chance de entendimento. E ao se omitir de tratar de um assunto que se encontrava sob sua responsabilidade com o objetivo de se ver livre da presença do Mestre na UDV, essa mesma pessoa acabou provocando a intervenção espiritual de MESTRE Gabriel, conforme veremos a seguir.

A intervenção de MESTRE Gabriel

Ainda em Porto Velho, Mestre Joaquim fica convencido de que os representantes do Centro dessa cidade não estavam preparados para dar continuidade à obra de MESTRE Gabriel, e retorna a Campinas decidido a aguardar pacientemente o novo rumo que os acontecimentos haveriam de tomar.
Um ano depois (e três após o fechamento do Núcleo de Campinas), no dia 24 de junho de 1981, ele realiza uma sessão com o Vegetal preparado com os cipós das mudas de Mariri enviadas por mestre Joanico e as folhas de um pé de chacrona que este também lhe havia presenteado por ocasião da segunda viagem que fizera a Porto Velho. Essa foi a primeira sessão de preparo realizada em Campinas. Nessa ocasião, recebe ordem superior e autorização espiritual de MESTRE Gabriel para constituir, aos 22 de julho do mesmo ano, o Centro Espiritual Beneficente União do Vegetal. Somente desse modo seria possível evitar o desvio da doutrina da UDV, preservando-se, assim, seus ensinamentos.
De acordo com a determinação superior recebida, o nome do Centro deveria permanecer praticamente o mesmo. Apenas a palavra Espírita deveria ser substituída por Espiritual, uma vez que a primeira remete ao Espiritismo, ou seja, à doutrina de Allan Kardec, que, como se sabe, se ocupa da comunicação com espíritos desencarnados, enquanto que a UDV tem por objetivo proporcionar ao homem o conhecimento de seu próprio espírito, desvendando-lhe o passado em outras encarnações e reconduzindo-o à sua origem divina.
Algumas pessoas, recusando-se a aceitar a presença do mistério no Vegetal, indagam como pode ser possível que Mestre Joaquim tenha recebido autorização espiritual de MESTRE Gabriel para constituir o Centro Espiritual sendo que este já estava desencarnado. Mas o fato é que ele a recebeu, e não apenas a autorização, mas também, ainda na mesma sessão, a estrela, símbolo do grau de Mestre. Quanto à forma como isso ocorreu, trata-se de um segredo que pertence às pessoas que estavam presentes naquela sessão.

Cabe esclarecer que quando a estrela está verdadeiramente no coração, ela representa o símbolo da união, que é luz, paz e amor, símbolo este que o discípulo só recebe quando aprende a amar o próximo como a si mesmo. E o sinal de que uma pessoa já chegou a este ponto é a presença constante de um estado de espírito elevado, caracterizado pela ausência de manifestações de desrespeito ao semelhante, tais como ofensas, calúnias, censuras e julgamentos; enfim, de um estado de espírito pleno de solidariedade e de disposição de contribuir para a evolução do próximo.

Ressentimento e revolta

A constituição do Centro Espiritual, ocorrida em 1981, gerou revolta em meio a alguns dos integrantes do Centro Espírita. A partir dessa data, durante vários anos, eles se indispuseram contra o Mestre e procuraram difamá-lo tanto em âmbito interno (isto é, junto aos seus próprios associados) através de panfletos que insistiam na idéia de que ele seria um usurpador, como em público, através da mídia, da qual lançaram mão a cada vez que alguma obra da União do Vegetal era publicada.

Dezessete anos depois, desprovidos da devida coragem para reconhecerem seus erros e se renderem à incontestável autoridade moral e supremacia espiritual do Mestre, membros do Centro Espírita optaram pela forma mais indigna e vil de vingança, a impetração de uma ação judicial contra o Centro Espiritual reivindicando o direito de propriedade exclusiva dos nomes União do Vegetal e Oaska junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Para justificar essa reivindicação, apoiaram-se na existência de um registro de propriedade comercial sobre esses nomes.
É compreensível e perfeitamente aceitável que se exija exclusividade de uso de um nome destinado a ser marca de algum produto de natureza mercantilista. Mas, em se tratando de algo de origem milenar e que, além de tudo, não é propriedade de quem quer que seja mas sim um patrimônio espiritual da humanidade, essa exigência de exclusividade carece totalmente de razão de ser. No caso específico dos nomes Oaska e União do Vegetal, há ainda o agravante de que eles fazem parte das tradições indígenas da América do Sul há séculos, tal como consta em diversas obras de etnobotânica, antropologia e História. Não por acaso, quando nos Estados Unidos alguém teve a idéia de tentar patentear o chá, a tentativa não apenas redundou em fracasso mas gerou ainda grande indignação em meio à população indígena e a diversas organizações ecológicas do continente americano.1
O fato é que, ao optar por mover a ação, o Centro Espírita deixou evidente que seus objetivos não são de natureza espiritual, mas sim comercial. E, como se isso não bastasse, pisoteou ainda a própria lei da União do Vegetal, pois traiu os ensinamentos do MESTRE que se encontram registrados num documento denominado Convicção do Mestre, publicado em 1967 no jornal Alto Madeira, em Porto Velho, Rondônia.
Esse documento narra um episódio da vida de MESTRE Gabriel em que ele foi preso injustamente e de maneira arbitrária pelo então delegado de polícia de Porto Velho por estar preparando e distribuindo o Vegetal a alguns de seus discípulos, e evidencia que ele era contrário à prática da mobilização judicial. Consta que estes tentaram impetrar uma ação judicial contra o referido delegado alegando invasão domiciliar após as 22 horas, mas que foram desestimulados pelo MESTRE a tomarem qualquer atitude no sentido de punir judicialmente o autor de sua prisão, pois se o fizessem não estariam agindo com luz, paz e amor.
E se MESTRE Gabriel declinou da vontade de punir judicialmente aqueles que o prenderam, como seria de se esperar então que ele viesse a agir num caso em que o acusado é um homem que vem fazendo cumprir sua palavra e trabalhando para tornar a União do Vegetal conhecida e respeitada mundialmente, e que, além disso, vem trazendo a público, por meio de dezenas de obras, os ensinamentos recebidos através da Oaska?
O processo judicial impetrado contra o Centro Espiritual Beneficente União do Vegetal ainda se encontra em andamento, mas, independentemente de seu resultado, o Mestre Joaquim José de Andrade Neto continuará cumprindo sua missão de maneira magistral, tal como sempre a cumpriu, mantendo-se permanentemente em sintonia com a Força Superior e recebendo dela toda a inspiração e a sabedoria necessárias para conduzir os trabalhos da Ordem. Como homem consciente que é, ele sabe que a decisão jurídica em questão, por mais que possa garantir a exclusividade de uso do nome da União do Vegetal à outra parte, não lhe garantirá jamais a presença do mistério em suas atividades nem a autoridade espiritual inerente ao grau de Mestre a nenhum de seus membros. Ao contrário, aqueles que, agindo de forma truculenta e retaliadora, outorgam aos homens o direito de decidir sobre questões de natureza divina, esquecendo-se de que nestes casos a mão humana é indesejável, acabam impedindo, por suas próprias atitudes, que o poder de Deus os penetre. Distanciam-se, por conseguinte, dos Seus elevados atributos de luz, paz e amor.
Em síntese, a constituição do Centro Espiritual, ao invés de gerar revolta, deve ser motivo de reflexão e exame, uma vez que a lei da União do Vegetal existe para ser cumprida, e não violada. E aqueles que cometem uma infringência não podem nem devem eximir-se de seus efeitos, dos quais estarão livres somente a partir do momento em que reconhecerem de coração suas atitudes inconseqüentes. Só a partir de então poderão desfrutar do conforto que seus espíritos tanto necessitam.



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